A bíblia nos conta que
Elias estava fugindo de Jezabel, que o havia ameaçado de morte, e por conta
disso, depois de uma árdua caminhada sob forte stress por conta de uma angustia
desesperadora, a ponto de desejar a morte, e pedir por ela, chega finalmente a
Horebe, o monte de Deus, e lá se abriga em uma caverna durante uma noite.
Ali
naquelas condições lhe vem a Palavra de Deus através da tão conhecida pergunta:
"o que fazes aqui Elias?" Interessante que o altíssimo não pergunta o que fazes
ai e sim o que fazes aqui, indicando que apesar do profeta estar caminhando na
direção oposta a vontade do Senhor, o próprio Deus que lhe falava estava ali
juntamente com Ele, guardando, sustentando, e sendo um companheiro inseparável
do profeta amedrontado. Depois das considerações do profeta, as quais denotavam
apenas seu equivocado conhecimento acerca da real situação e da maneira como
Deus estava agindo em todas as questões, lhe vem então a ordem: "Sai para
fora!". Tal ordem apresenta o desejo de Deus de que o profeta mudasse de
atitude e assumisse uma posição condizente com sua chamada, ou seja, fora da
caverna, onde o mundo pudesse vê-lo
ouvi-lo, afinal a Palavra de Deus estaria com ele, em sua boca! E boca
de profeta não é para ficar confinada dentro de nenhum tipo de caverna! Em
continuação, a bíblia apresenta quatro coisas por demais interessantes: o texto
sagrado nos diz que "passava o senhor, bem como:"
1- um grande e forte vento, 2 - um terremoto, 3 - um fogo, mas sempre acrescentando a frase "Deus não estava
no..."
O primeiro evento mencionado foi o grande e forte vento, que fendia os
montes (causava divisão e desordem) e quebrava as pedras (destruía o que é
resistente, diminuía o tamanho, separava). O vento era grande por conta de sua
abrangência, tocava uma grande área em torno do profeta, impedindo sua fuga
para qualquer lugar sem ser afetado diretamente pelas dimensões de tal vento,
ao mesmo tempo que aterrorizava, pois até onde a vista do profeta alcançasse,
tudo estaria sob seu poder. O mesmo era forte, porque tinha força suficiente
para afetar de forma contundente a natureza que estava à vista do profeta. O
vento dividia os montes e quebrava as pedras, contudo, Deus não estava no
vento. A força da natureza, descrita neste texto bíblico, causava divisão, desordenava,
desorganizava o ambiente, e isso realmente, não está de acordo com quem nosso
Deus é na vida de seu povo. O Criador não desorganiza, destrói ou diminui quem
é seu servo está sob seus cuidados e
dependência. Na verdade, Ele nos ajusta, tira as sobras e acrescenta o que
falta, mas sua ação em nós causa ordem e não desordem.
O segundo evento foi o
terremoto, que traz a ideia de tremor da terra pelo movimento das placas
tectônicas, movimentos esses que produzem destruição e desordem em um nível mais
profundo que o produzido pelo grande forte vento. Observe que a questão de ser
um Deus ordeiro é tão importante dentro da revelação do eterno, que a bíblia
não diz que Jesus se manifestou para destruir as obras do diabo, mas sim para
desfazê-las. Destruir algo gera entulho, incomodo, desorganização, o que gera
muito trabalho para que tudo seja colocado em ordem. Mas quando algo é
desfeito, desmontado, cada parte do que é desfeito vai sendo colocado à parte
em lugar próprio, para que se construa algo novo e perfeito. Importantíssimo
considerar aqui que toda a obra do adversário é feita sobre a matéria prima que
na verdade pertence à Deus, afinal, a bíblia afirma que do Senhor é a terra e a
sua plenitude! E toda a «obra» do inimigo de Deus consiste em matar, roubar e
destruir! o trabalho do arqui rival de Deus é exatamente isso, tocar na obra de
Deus para destruir, roubar e matar, mas Jesus quando entra em ação, desfaz a
destruição, restitui o que foi roubado, e da vida ao que foi mortificado.
O
terceiro evento citado diz respeito a um fogo, e nesse fogo, de fato, Deus não
poderia estar porque a bíblia deixa bem claro que o fogo de Deus, para se
manifestar, tinha que haver ordem, jamais a desordem. As partes do holocausto
postos em ordem sobre a lenha sobre o altar, tudo tinha que ser perfeito para
que Deus respondesse com fogo, o altar do desafio do próprio Elias contra os
profetas de Baal e Asera, tivera que ser reconstruído e organizado para que
Deus se manifestasse com fogo. O ambiente em torno do profeta e dentro dele,
estava totalmente desorganizado pelo vento, pelo terremoto, e agora havia fogo?
Não! Deus não estava naquilo, o altíssimo determina que haja ordem e decência,
santidade e justiça segundo a fé para que Ele se manifeste com fogo.
O quarto e
último evento, diz respeito à manifestação do Deus vivo, que se deu através de
uma voz mansa e delicada, os três
primeiros eventos foram aterrorizantemente grandiosos, esplendorosos, cheios de
grandeza e totalmente impactantes, mas Deus não estava lá em nenhum deles,
porque eles destruíam e desorganizavam, mas agora uma voz delicada e mansa,
surge para justamente organizar, não de fora para dentro, mas de dentro para
fora, pois aquela voz começou a ajustar as coisas no interior do homem de Deus,
para que só depois tudo o mais fosse reorganizado. Senão entendermos que a voz
de Deus é suave, mansa, delicada e sempre vai provocar mudanças necessárias
primeiramente em nosso interior, jamais estaremos aptos para ir adiante no
mergulhar na revelação divina para nós e através de nós, e isso sem nenhuma
alarde, barulho ou pirotecnia «spiritual». Quando as mudanças forem reais e de
dentro para fora, o poder gerará, vento, terremoto fogo, mas sempre para construir, organizar e
glorificar a Deus gerando muita vida.