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sexta-feira, 28 de setembro de 2018

O Jovem Samuel e a Voz de Deus


O texto inicia dizendo que o jovem Samuel servia ao Senhor perante Eli, e em seguida acrescenta que: «a palavra do Senhor era de muita valia naqueles dias, não havia visão manifesta. O que se pode depreender disso é que a única referência que o jovem tinha com respeito a servir ao Senhor, depois de sua piedosa mãe, era estar diante da autoridade espiritual constituída naquele tempo, o sacerdote Eli, servindo-o. 
No versículo 7 do mesmo capítulo, a bíblia nos acrescenta duas revelações, sendo que a primeira, diz respeito a Samuel ainda não conhecer ao Senhor, e a segunda diz que a Palavra de Deus não lhe havia sido manifesta. 
Tudo o que ligava Samuel ao espiritual estava relacionado à autoridade investida sobre o velho sacerdote e à sua voz, que diz após dia lhe comunicava ensinamentos sobre o sacerdócio e suas atribuições. 
Aqui notamos o cuidado do escritor do texto sagrado em apresentar a afinidade que o servo Samuel tinha com seu mentor, a ponto de tal afinidade ser o ponto de contato entre Samuel e o espiritual. O leitor pode extrair dessa verdade histórico teológica uma grande lição de cunho ético, absolutamente imprescindível para o exercício do ministério cristão; quem é chamado por Deus para liderar, antes deve aprender a servir, quem foi separado pelo Eterno para estar em posição honrosa, antes precisará honrar, e quem o altíssimo escolhe para se revelar através de sua Palavra, primeiramente deverá aprender a aceitar a voz de quem foi estabelecido como canal de revelação hermenêutica e exegética da vontade divina contida em sua Palavra. Somente depois de ter esses valores arraigados em sua alma e espírito é que finalmente Deus se manifesta para falar diretamente ao jovem Samuel. Mas o teólogo diligente é convidado aqui a considerar mais alguns pontos importantes dentro da revelação bíblica.
1 - Eli foi o primeiro a perceber que o Eterno estava falando, não por ouvir a voz do Senhor, porque naquela altura dos fatos, o Altíssimo já havia decidido se revelar mais profundamente a a alguém capaz de obedecê-lo sem reservas, que não era o caso de Eli! Contudo, apesar do silêncio divino sobre si, viu algo diferente acontecendo na vida do jovem que lhe servia. Deus fala de muitas maneiras e em muitas circunstâncias, o crente atento observará tudo o que acontece ao seu redor, porque mesmo que haja silêncio sobre o interlocutor, o locutor celestial estará buscando se revelar a alguém. Participar do processo, orientando a quem ainda não conhece ao Senhor, redunda em frutos para a eternidade para aqueles que prestam atenção ao que o Pai quer revelar e/ou fazer; não apenas para si próprio, mas para e sobre aqueles  que o cercam. Depois de três vezes, Eli percebeu que o Senhor estava falando novamente! Não com ele diretamente, e sim com o garoto filho de Ana, que nem seu descendente era! mas ele não se negaria a contribuir para o ministério e a chamada de Samuel, esse erro ele não adicionaria à sua lista de falhas.
2 - Antes de prosseguir no mergulho na revelação, Samuel precisou ouvir à orientação vinda do velho sacerdote. Deus se manifestou de forma a conduzir justamente a isso, Samuel precisava ouvir o sacerdote para avançar dentro do plano de Deus. Quantas vezes algo terá que acontecer ou deixar de acontecer em sua vida até que você entenda que Deus está dizendo algo? Há pessoas batendo em portas fechadas e que não se abrirão, simplesmente porque não conseguem entender que uma porta fechada é a voz do Senhor dizendo que o caminho tomado está equivocado. Nesses momentos é melhor parar e perguntar ao Sumo Sacerdote Jesus Cristo qual é o melhor caminho a se tomar.  A questão é : alguém não avança nos propósitos divinos tão somente porque se recusa a ouvir a voz dos sacerdotes estabelecidos por Deus, não somente na igreja em que congrega, mas também em relação àqueles que o Todo Poderoso constituiu em diversas áreas da vida de cada um. Por exemplo, no lar quem exerce essa autoridade sacerdotal é  esposo e pai, mas a rebeldia semeada pelo diabo, tem distorcido as relações familiares assim como as ministeriais, impedindo as pessoas de irem à um nível mais profundo do coração de Deus, isso porque não conseguem ouvir as orientações através de pessoas as quais, por uma razão ou outra (não a de Deus), o interlocutor reprova como orientadores
3 - Para Samuel a voz de Deus lhe pareceu a voz do sacerdote com o qual estava acostumado a servir no santuário. O altíssimo estava trabalhando para levantar um homem segundo o seu coração, entretanto, ao se manifestar, chamou a atenção de seu escolhido diretamente para aquele que Ele anteriormente já havia estabelecido. Eli sendo ainda o sacerdote oficial, é quem representava a autoridade divina, e o Senhor respeita isso a ponto de fazer com que sua voz remetesse o jovem Samuel à Eli, e não a outra direção, não a outra pessoa ou autoridade. Eli ainda era o canal estabelecido por Deus para revelar sua vontade, e mesmo que o sacerdote  não tivesse mais intimidade suficiente, para ouvir a voz de Deus e manifestar a palavra divina ao jovem obreiro,  o Criador ainda o permitiu aconselhar a Samuel, segundo sua própria experiência adquirida em tempos de maior intimidade com o Pai. Foi preciso que Samuel o interpelasse três vezes até que percebesse que o Senhor estava fazendo algo ali, mas, ao perceber, Eli faz uso de sua última oportunidade para ser útil à Deus. O velho sacerdote orienta o jovem escolhido do Senhor a voltar e deitar-se, contudo, agora com uma resposta definida para ser alvo da continuidade da revelação do Pai.
4 - A humildade precede a honra, e a sabedoria livra das armadilhas do orgulho. Quando o estudante da bíblia lê o capítulo 3 e o verso 9, percebe que  há na resposta de Samuel, uma diferença em relação ao conselho de Eli. E qual seria tal diferença? O sacerdote aconselha o jovem obreiro a colocar em sua resposta ao chamado do Senhor, o nome divino, o tetragrama sagrado que contém o nome de Deus, nome impronunciável por conta do extremo cuidado dos judeus em não falar pronunciá-lo em vão. A pronuncia correta se perdeu através dos tempos e somente na eternidade a saberemos finalmente. Samuel poderia ter se ufanado por duas razões: uma que o Senhor o estava chamando para falar-lhe, outra porque o próprio sumo sacerdote o aconselhara a o fazer, contudo, Samuel em sua resposta suprime o nome do Eterno, isso não foi por desobediência ou qualquer resistência à voz de seu líder ministerial, mas simplesmente por conta de sua humildade, a qual o manteve justamente onde e como deveria estar, na presença do Eterno, mas com atitude de total humilhação a ponto de não se considerar digno de pronunciar o seu nome, mesmo sendo o seu servo. Me faz lembrar de João Batista, que na presença de Jesus, assume sua indignidade até para se humilhar diante dele, pois disse: «não sou digno de abaixando-me desatar as sandálias de seus pés. Este tipo de atitude honra e agrada a Deus, e Ele exalta a quem se humilha. Em resposta à atitude de Samuel a bíblia apresenta o texto do versículo 10 onde o Senhor (Iaveh):
a) - Veio - se aproximou do objeto de sua revelação!
b) - ali esteve - estabeleceu relação de proximidade divina com seu servo
c) - chamou como das outras vezes - manteve o padrão pelo qual estava agindo sobre seu servo. Não é Deus quem tem que mudar, somos nós!
d) - e disse a Samuel... - Trouxe a revelação de sua Palavra e de sua vontade ao seu filho, que agora estava apto a ouvi-lo. Samuel estava na presença do Todo Poderoso ao mesmo tempo que a tinha sobre si mesmo.
Deus fala, mas o homem deve estar atento aos caminhos de Deus, às maneiras pelas quais a bíblia apresenta seus métodos divinos, afinal de contas Ele é Deus, Ele é Senhor, e tudo deve ser conforme o modelo que por Ele é determinado.

Paulo e a religiosidade que obscurece o discernimento


O capítulo nove de Atos é iniciado com a apresentação de um homem absolutamente focado em sua missão! A bíblia usa a seguinte frase: «Saulo respirando ainda ameaças e mortes contra os discípulos do Senhor»; o texto deixa bem claro que tudo o que importava para Saulo, tudo o que ocupava os seus pensamentos, era ameaçar e matar os servos de Jesus. Tal missão era tão vital para ele que, sem cumprir tal papel, era como que morrer sem poder respirar. Mas como é que ele chegou até esse ponto? 
A resposta pode parecer simplista e até nada interessante, mas a verdade, é que ele chegou a esse nível de cegueira espiritual por causa de sua própria devoção, por causa de sua religiosidade, por conta dos paradigmas que absorveu desde cedo, sendo educado na lei, aos pés de Gamaliel. A melhor escola, a melhor formação, uma trajetória impecável no que tange ao cuidado e ao zelo com a lei, eis aqui as causas que o cegaram e o conduziram até aquele patamar. Até então Saulo poderia ser enquadrado no texto de João 16:2: «vem mesmo a hora em que qualquer que vos matar cuidará fazer um serviço a Deus». E ele realmente acreditava nisso!
        O segundo ponto interessantíssimo a se observar é que o versículo 1 ainda diz: «dirigiu-se ao sacerdote»; Saulo não era um aventureiro, tomado por desvários teológicos e espiritualistas, nada disso, Paulo era um servo da lei, e por conta disso, se submetia à autoridade sacerdotal e dela desfrutava, a ponto de solicitar cartas que lhe delegassem poder e autoridade para entrar e sair, prender e arrastar presos os servos de Deus. Ele era crente, era submisso à autoridade espiritual, era obediente, por conseguinte, era organizado e também era zeloso em extremo, contudo, assim como diz o texto de Apocalipse 3:17: «como dizes: rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado,  miserável, e pobre, e cego, e nú». A Palavra de Deus é tão gloriosamente perfeita e harmoniosa que apresenta alguns conselhos no versículo seguinte do mesmo contexto (vs18), além de comprar ouro provado no fogo para enriquecer, roupas brancas para vestir para que não apareça a vergonha da nudez, a última recomendação é que: unja os olhos com colírio, para que se possa ver!
        Saulo tinha tudo, mas não via, não enxergava, não discernia, por conta de ter sua visão, no que tange ao espiritual, comprometida por sua religiosidade. Todos os códigos de conduta e de pensamento teológico o haviam cegado ao extremo, a ponto de só conseguir ver os seguidores de Jesus como uma seita e não como a Igreja viva de um Cristo vivo. Saulo era apenas um religioso cego.
        O terceiro ponto está no versículo 3 de Atos cap. 9, onde o texto se expressa da seguinte forma: «e indo no caminho...». O homem aqui em questão era perseverante e aproveitava ao máximo todos os recursos dos quais dispunha, ele não parava, estava focado, não tirava folga, não ficava pensando se ia agora ou depois, ele simplesmente focava no objetivo estabelecido e perseverava, indo sempre adiante, contudo, sempre conduzido pelos mesmos valores que o cegaram, o que nos remete ao quarto ponto dessa revelação bíblica:
        Já perto de Damasco subitamente o cercou um resplendor de luz. Me recordo de uma frase que ouvi de meu Pastor em um certo dia em gabinete enquanto avaliávamos algumas situações de obreiros pelo campo: «quando o homem não para, Deus para o homem!» E para continuarmos nessa linha de pensamento é importante citarmos o texto de provérbios 29:1 que diz: «o homem que muitas vezes repreendido endurece a cerviz, será quebrantado de repente sem que haja cura (escapatória). Dois detalhes importantes a se anotar é que no caminho, já perto de cumprir seu objetivo funesto, Saulo subitamente, foi cercado, ou seja, de forma inesperada e sem poder escapar, havia chegado o momento do confrontamento que o iria conduzir à abertura de sua visão espiritual ou à sua morte total.
        A partir daqui vamos pontuar com mais cuidado as coisas que lhe sucederam até que finalmente ele não voltasse, mas mas passasse a realmente ver, enxergar, discernir. O que até então não era capaz de fazer.
1 - Caiu - A palavra grega pipto, traz uma série de significaçõs no mínimo curiosas para a tradução que estamos avaliando, seja por exemplo: «descender de um lugar mais alto para um outro mais baixo, ser empurrado, ser submetido a julgamento e declarado culpado, descender de uma posição ereta para uma de prostração, perder a autoridade, não ter mais força», e assim por diante. No trato de Deus com seu filho, seu vaso escolhido, era preciso que o mesmo descendesse para que então pudesse passar pelos processos de Deus para começar a enxergar.
        Saulo jamais poderia discernir a voz e a presença de Deus na pessoa de Jesus Cristo o filho unigênito do Criador, sem antes descer. O orgulho da religiosidade, a abstração do legalismo tem impedido a muitos de ver a real glória de Deus; o que eles vêem são apenas engodo, produzido por suas próprias crenças, que os afastam dos tesouros contidos na Palavra de Deus, e das experiências reais com o Criador. Sem descer, sem se prostrar, sem diminuir para que Cristo cresça em nós, jamais teremos acesso aos tesouros da verdadeira intimidade com o Pai Celestial.
2 - em terra - Saulo estava sendo levado, pela ação divina, a entrar em contato com sua origem, o pó da terra. Era o mesmo que dizer que era preciso começar tudo novamente, do zero. Muitas vezes precisamos de um empurrãozinho de Deus para cairmos em terra e assim lembrarmos de onde viemos e não nos ufanarmos de um divindade que não nos é inerente. Não somos semi deuses, somos servos e absolutamente falhos, a falsa e destrutiva doutrina da infalibilidade humana não nos cabe em nenhuma instância. Mas continuando o pensamento de que era necessário Saulo ter um restart, veremos que essa linha se solidifica quando vemos que para sair dali, do local da queda, e entrar na cidade, segundo a ordem que lhe fora dada, ele passou a depender de pessoas que o guiassem pelas mãos, pois agora nada enxergava diante de si através de seus olhos naturais. O livro de Provérbios 18:12 acrescenta que: «diante da honra vai a humildade», ou seja, para ser alcançado pela honra de ver a glória de  Deus e ouvir de sua boca o que Ele tem a revelar, primeiro o homem precisa abaixar-se, descer, por a boca no pó, porque quando o mesmo não consegue ver mais nada, ai então é que passará a enxergar o que realmente importa.
3 - ouviu uma voz - Aquela ainda não era «a voz», mas para ele apenas «uma voz», porque apesar de conhecer toda a lei, não tinha ainda o conhecimento da pessoa de seu autor, o qual estava se apresentando diretamente à ele naquele momento. A medida que amadurecemos no nosso relacionamento com Deus, sua voz se tornará cada vez mais nítida e inconfundível.
        Saulo fora chamado duas vezes, o que denota urgência no que viria a ser feito em seguida.
        O Senhor o confronta com uma pergunta totalmente surpreendente: «Por que me persegues» Saulo estava tendo todos os seus paradigmas quebrados, estava sendo desmontanda toda a estrutura de religiosidade que o cegava, para que ele fosse finalmente um instrumento útil nas mãos de Deus através da pessoa do Espírito Santo.
        A sua surpresa e seu desconhecimento, se tornam evidentes em sua reação com outra pergunta: «quem és Senhor?». A resposta de Jesus vem com a poderosa revelação: «eu sou Jesus a quem você persegue», e acrescenta uma frase maravilhosíssima por conta de seu significado: «duro é para ti recalcitrar contra os aguilhões». Aguilhão era uma ponta de ferro colocada na extremidade de uma vara, com a qual se tangia (aplicava-se estocadas) aos bois, para que eles fizessem conforme a vontade daquele que os conduzisse, e assim fossem pelo caminho orientado. Recalcitrar signifca: teimar em desobedecer, insubordinar-se, resistir pela desobediência, etc. O Senhor estava dizendo a Saulo que ele estava dificultando para si mesmo ao resistir abrir a visão espiritual e assim perceber e compreender a revelação de Cristo pela sagrada escritura, porque, como Jesus havia dito durante seu ministério terreno, «examinai as escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam» (João 5:39). Saulo apesar de todo seu contato com os escritos bíblicos, se deixa reger por pensamentos e filosofias humanas, e sendo assim, resistia à revelação da vontade divina contida no texto sagrado, o qual apontava em sua totalidade para a pessoa de Jesus Cristo. Se ele insistisse em desobedecer, em não ver, iria morrer e perder tudo.
4 - tremendo e atônito - Seu emocional denotava que finalmente todas as barreiras intelectuais, teológicas e psicológicas haviam desmoronado, ele estava, assustado, surpreso, com medo, inseguro, cego e dependente do auxílio de outros. Segundo a perspectiva humana, tudo agora o estava conduzindo ao fundo do poço, mas na ótica divina, ele estava sendo tirado de lá. O texto sagrado nos remete às palavras do poeta no Salmo 119:67 «antes de ser afligido andava errado, mas agora guardo a tua palavra», e depois acrescenta no versículo 71: «foi me bom ter sido afligido, para que aprendesse os teus estatutos».
        O estar atônito e tremendo denota que ele finalmente percebia que seus conceitos estavam totalmente equivocados, ele não tinha mais como se apoiar em seus antigos paradigmas, os mesmos já não existiam, e  agora, em total dependência de Deus e das pessoas, lhe restava abandonar tudo que o movia, e que era o seu respirar, e parar, ficar em silêncio enquanto começava a compreender o significado da palavra graça, finalmente!
5 - Levanta-te e entra na cidade -  Novamente a bíblia apresenta o Senhor dizendo a alguém «levanta=te». Saulo havia caído, perdido a visão, perdido os valores nos quais se apoiava, entre outras coisas, mas não podia ficar ali, ele tinha que tomar a iniciativa de se levantar, assumir uma postura e iniciar uma nova caminhada. Depois a ordem era entrar na cidade. Deus  nos levará para dentro de um novo contexto.
        Tudo estava diferente, porque além de não ver, não tinha mais em seu coração a antiga missão, o seu coração e os seus pensamentos não estavam mais povoados com ameaças e mortes contra os discípulos. Na verdade, era um homem que, naquele exato momento, estava sem nenhum propósito, a não ser a obediência ao recém conhecido Senhor Jesus, e tudo que ele tinha que fazer, era entrar na cidade e ficar lá, até que ouvisse do céu qual o próximo passo a ser dado.
        No caminho do aprendizado a como discernir a voz de Deus, a conhecer as manifestações divinas, agora ele tinha que ficar em silêncio, aguardando orientação, dentro da cidade. Obediência, silêncio, capacidade de esperar e ficar na posição definida, é o que mais falta na vida de muitos que se dizem chamados por Deus; e sem seguir as receitas bíblicas não há como aprender a discernir e entender a presença e a vontade do Pai.
6 - Esteve três dias sem ver - O número três na bíblia é altamente expressivo, pois surge em uma infinidade de situações com um gama profundo de significados, mas sem querer teologizar ou divagar filosoficamente, vamos considerar apenas que esse tempo era necessário para que, Paulo incapaz de ver algo diante de seus olhos, olhasse para dentro de si mesmo, revesse todos os seus conceitos e os filtrasse através da Palavra de Deus, enquanto isso acontecia, aquele homem finalmente começava a enxergar não somente a pessoa de Cristo, mas o verdadeiro, completo e poderoso significado da palavra graça.
        Durante esse tempo ele não comeu e não bebeu! O homem associou o tratamento que recebia desde as mãos de Deus, com seu próprio esforço em consagrar-se em oração e jejuns. Não era tempo de lamentos, murmurações ou qualquer outra manifestação ou necessidade humana, era tempo de ficar na presença do Pai Celestial e humilhar-se sob sua potente mão enquanto aguardava sua orientação.
        O versículo 12 já apresenta um Saulo conectado com as coisas do Pai, pois além de estar em atitude de oração, viu em visão um homem de Deus, e até soube o seu nome durante essa experiência, além de saber qual seria o resultado daquela visita que iria acontecer, antecipadamente, através da oração.
        Saulo estava vivendo outra realidade fora do legalismo e da religiosidade, ele estava começando a viver a dinâmica pura de um relacionamento verdadeiro com Deus.
7 - e cairam-lhe dos olhos como que umas escamas - Escamas nos olhos, algo totalmente inusitado e improvável, ainda que não eram escamas no sentido pleno da palavra, pareciam, faziam lembrar, e isso tem um significado muito forte dentro do contexto que estamos estudando.
        No contexto para o qual elas (as escamas) foram projetadas por Deus, são muito úteis. Nos peixes, por exemplo, elas impedem que bactérias, fungos, parasitas e até mesmo objetos que causem ferimentos possam penetrar seus corpos, além de deixar o corpo liso e portanto com menos atrito dentro de seu habitat natural, permitindo deslizar suavemente sob a água, além de até servirem para identificar a idade do peixe com a contagem dos anéis das escamas. Contudo, a fauna aquática tem escamas no corpo, jamais nos olhos, e porque a bíblia fala justamente da semelhança de escamas no que caiu dos olhos de Paulo? 1 - era algo que estava onde jamais poderia estar. 2 - escamas nos olhos impediriam, ou distorceriam a entrada da luz, gerando automaticamente dificuldade de discernimento das imagens captadas pela retina e até a cegueira total.
        O que estava tirando a visão de Paulo não o impedia de contemplar o mundo físico à sua volta, mas de forma totalmente objetivada, o impedia de ver as verdades de Deus no mundo espiritual. Era um obstáculo espiritual que ser formou em seu coração e sua mente por conta de seu zelo religioso! Mas ao ser tocado pela luz de Cristo, sua religiosidade equivocada se materializa em forma de escamas ou algo parecido com isso, que em contato com o poder de Deus, caem de seus olhos.
        Entretanto, para que a obra se completasse, Saulo (Paulo) teria agora que ser abordado segundo os valores do Senhor do reino ao qual ele havia perseguido, ou seja, depois de três dias receberia a oração com imposição de mãos por intercessor enviado por Deus, o obediente Ananias, o qual ao orar, ministrou a palavra de autoridade: «o Senhor me enviou para que tornes a ver e sejas cheio do Espírito Santo». Aquele homem havia sido curado de dentro para fora, primeiro sua visão espiritual e agora sua visão natural; um milagre abrangente acontecia na vida de Saulo, e agora ele estaria pronto para começar sua trajetória no conhecimento dos valores do reino até se tornar o grande apóstolo e pregador do evangelho, afinal desde o encontro com a luz divina, o colírio santo lhe havia sido ministrado e finalmente saberia ver e discernir a voz do Deus que lhe falava.