Alguém sobre o qual o
Espírito Santo repouse (ruwach)- A
palavra hebraica em questão aponta para o fato de que o Espírito Santo em Jesus
encontrou repouso, ou seja, local de descanso! A relação entre a Igreja e o
Espírito Santo deve ser justamente no sentido de que o Espírito se sinta em
repouso. Ora todos nós sabemos que Deus "trabalha até agora", ele não
precisa de descanso em nenhum aspecto biológico, ou físico, por assim dizer. O
que a bíblia esta nos apresentando no texto em questão é o fato de que a
relação entre Jesus e o Espírito Santo era totalmente harmonizada, não havia
resistência de Jesus a nenhuma das orientações do Espírito Santo, não havia
desobediência, e a dependência de Jesus ao Espírito era total e absoluta. Não é
o caso hoje em dia, afinal, resistimos, desobedecemos, não acreditamos quando
ele orienta, pelo menos não sem antes questionar, lançar dúvidas e indagações e
assim por diante. Dizer que o Santo
Espírito repousava sobre Jesus, significa que em Jesus o Espírito não encontrou
nenhum tipo de barreira. A relação era totalmente de fé, dependência e
obediência. Jesus realmente operava no poder do Espírito Santo. Por isso no contexto seguinte as qualidades sempre são atribuídas ao ruwach de Deus, dando ideia das várias áreas em que o Espírito Santo atua e opera no homem que anda sob sua dependência.
Sabedoria - (chokmah) que traz a ideia de habilidade na guerra,
sabedoria em administração, perspicácia, prudência além de sabedoria ética e
religiosa. Observe que entre seus discípulos, Jesus manteve tudo sempre muito
bem organizado, a ponto de ter um tesoureiro (Judas), constituir sua vice
presidência (Pedro, Tiago e João), uma diretoria definda (os 12 discipulos),
pagar os impostos, respeitar as autoridades, etc. O mestre divino sabia que
preparar os discípulos para o apostolado não era apenas espiritualiza-los e
molda-los nas coisas do século futuro, mas também abrir-lhes a visão
administrativa, dar-lhes a visão de
gestão de recursos e pessoas, comportamento ético e social, para só então deixa-los adiante de sua
igreja.
Inteligência - (byinah) - compreensão, discernimento, faculdade. O
obreiro inteligente, a exemplo de Jesus, disciplina sua mente a compreender as
coisas, os fatos, as circunstâncias. Jesus jamais foi pego de surpresa em
nenhuma das investidas que sofreu durante seu ministério, porque estava sempre
atento a tudo e a todos. Jesus sabia discernir espiritualmente o comportamento
das pessoas, mas também entendia e muito, sobre linguagem corporal (Mc 12:41),
conhecia a lei, os costumes, o pensamento teológico político e social de seus contemporâneos, e
sempre estava preparado para responder a cada um com cuidado e inteligência.
Conselho - (Ietsah) - conselho, desígnio, propósito. - Ter um
propósito definido, faz a total diferença no exercício de vida a que somos
submetidos todos os dias. Uma pessoa sem um propósito não vive, apenas, respira
e esta presente, mas não se enquadra na ordenança divina registrada em
Genesis...., "Crescei, multiplicai e enchei a terra". Pessoas sem
propósito não conseguem levar essa ordenança abençoatória à cabo, vivendo sem
entender a razão de estar aqui, por conseguinte, por se sentirem vazias, buscam
a preenchimento de si mesmas em compulsões, vícios, facilidades, prazeres,
consumismo, violência e tantos outras "possibilidades", que na
verdade só conduzem o tal ser humano à depressão, e à desistência da própria
vida, ao vazio infinito em si mesmo.
Fortaleza - (gebuwrah), força, poder, valentia, bravura - Qualidades
que movem o que as possue! Pessoas cheias de valentia, bravura, não se
entregam, não param, não se deixam dominar pelo desânimo, não aceitam a
ociosidade, não aceitam o ficar de braços cruzados apenas observando enquanto
outros lutam, são empreendedoras, pensam grande, buscam novas soluções, são
formadoras de opinião, são dinâmicas, sempre se posicionam de forma clara e
assim por diante. Talvez não seja pouco comum encontrarmos pessoas que não se
encaixam em nenhuma das qualidades descritas acima, ostentam títulos, mas não
demonstram os frutos pertinentes à arvore que dizem ser. Na verdade, as vezes
somos assim! Por isso a urgente necessidade de nos deixarmos moldar pelo que a
bíblia diz.
Conhecimento (Iath) - percepção, habilidade, compreensão, e Temor (yir'ah) - medo, terror,
reverência, temor do Senhor. É
importante observar que as duas palavras são colocadas juntas no contexto,
conhecimento e temor do Senhor. Perceber a realidade da existência de Deus e de
quão grande e excelso Ele é, compreender com a ajuda do Espírito Santo a
personalidade do Criador. Crer que Ele existe e que é galardoador dos que o
buscam, é necessário, absolutamente indispensável, imprescindível àqueles que
se aproximam Dele. E com essa percepção, caminha juntamente o temor reverente à
sua pessoa. Temor tal, que para quem o adora, a possibilidade de entristecê-lo
por qualquer pecado é algo totalmente aterrorizante. Estamos rodeados de
pessoas que dizem conhecer a Deus, mas não percebem, não compreendem nada
acerca de sua real divindade e existência, e soma-se a essa ignorância, um
altíssimo nível de desrespeito e falta de temor, em todos os níveis, à presença
do Pai eterno.
Deleitar-se-á (ruwach) - A mesma palavra traduzida por "Espírito",
sopro, vento, etc, neste contexto é traduzida por deleitar (ter prazer), ou
respirar sentindo perfume (cheirar). Podemos inferir que o que o escritor
estava querendo dizer através de seus escritos é que: Jesus respiraria sentindo
o perfume de seu relacionamento reverente com o Pai. O Inalar perfumes gera uma
incrível sensação de euforia, seguida de relaxamento muscular e estimulação
sensorial, remetendo a boas lembranças de forma específica, o que causa um
prazer (deleite) em quem sente o cheiro de um bom perfume. O temor do Senhor
era tão importante para Jesus que o resultado era exatamente esse. E para nós,
qual é a importância desse temor ao nosso Deus?
Não julgará segundo a vista - (shaphat) - Agir como juiz, executar juízo, condenar e
punir, etc. Jesus em seu ministério terreno não exerceu a função de juiz,
julgando, sentenciando e condenando. segundo o pensamento comum, segundo a
ótica meramente humana. Não era esse o seu papel, e quando o obreiro como
imitador de seu Senhor, segue a mesma linha de pensamento, não comete erros tão
comuns aos que facilmente se colocam na posição de juízes não segundo a justiça
que vem pela fé. Jesus mesmo disse que não julgaria naquele momento (segundo
sua própria vista) mas que a palavra que ele ministrava julgaria a todos no
ultimo dia (João 12:47 a 49). O Obreiro inteligente não emite sentenças, apenas
prega a palavra de Deus, sabendo que o que tiver que ser tratado será feito no
tempo determinado, sempre pela Palavra de Deus.
Nem repreenderá (yakach) segundo o ouvir dos
seus ouvidos - corrigir,
repreender, julgar, apontar, etc. A linha de pensamento permanece a mesma do
item anterior. O pregador do evangelho, prega o evangelho, sabendo que o
evangelho e não ele, com sua própria vontade, é que vai gerar no ouvinte as
mudanças necessárias segundo a vontade de Deus. De novo, a percepção e
interpretação humanas são postas de lado para que a Palavra e o Espírito de
Deus permaneçam. Se Jesus sendo Deus, foi tão atento e dependente da ação e
direção do Espírito Santo, de que maneira pobres pecadores como nós podem se
ufanar de si próprios? pensando que sabemos o suficiente, que temos experiência
e vida o bastante para colocar nossa visão e nossa audição acima da Palavra de
Deus? Quando o assunto é tratar almas e conduzi-las ao Eterno, o nosso papel
como Igreja é cumprir o ministério da reconciliação, o demais pertence a Deus e
à sua Palavra e Espírito.
Julgará com justiça os pobres – Justiça de Deus pela fé (Romanos 3:22). No
trato das causas existentes dentro do convívio cristão, sempre que houver a
necessidade de julgamento das situações (não das pessoas propriamente ditas mas
das circunstâncias que as envolvem), dos casos a serem resolvidos entre
semelhantes inseridos dentro do mesmo conceito de fé, o princípio fundamental
apresentado pelas páginas sagradas, diz respeito a julgar (avaliar, considerar,
decidir) pela justiça de Deus, que vem pela fé. Sem fé impossível agradar a
Deus, e normalmente se produz muita injustiça quando o senso de julgamento é
fundamentado no pensamento e ideologia humana e não segundo o coração de Deus.
Decidirá com equidade a favor dos mansos – Temos aqui a ampliação do pensamento acima
descrito uma vez que a palavra equidade traz a ideia de senso de justiça, imparcialidade,
respeito à igualdade de direitos. No hebraico (miyshowr, ou miyshor) aponta para: terreno plano, por conseguinte,
retidão! O obreiro prudente procurará decidir sempre orientado pela justiça
devida a todas as partes envolvidas em qualquer questão. E sempre pela justiça
da fé.
Ferirá a terra com a vara de sua boca – Jesus cumpriu seu ministério terreno através da
pregação da palavra. A mensagem ministrada por Ele, impactou o mundo da época e
continua com a mesma força realizando transformações em todos os lugares entre
todas as culturas. O obreiro aprovado deve manejar bem a palavra da verdade
além de não ter do que se envergonhar. Se assim proceder, seu legado será sua
mensagem corroborado com o seu testemunho. O testemunho arrasta e a palavra
permanece. O obreiro cristão deve primar por ter em sua boca sempre e em todas
as circunstâncias a palavra da verdade, a qual gera vida.
Matará o perverso com o sopro de sua boca – O sopro de sua boca (ruwah = sopro, vento, espírito). Para o perverso,
aquilo que sai da boca do justo (a Palavra de Deus), redunda em morte. Esse
texto tem aplicações muito profundas, uma vez que a bíblia diz que: Pois a terra que embebe a
chuva, que cai muitas vezes sobre ela, e produz erva proveitosa para aqueles
por quem é lavrada, recebe a bênção da parte de Deus; mas se produz
espinhos e abrolhos, é rejeitada, e perto está da maldição; o seu fim é ser
queimada. (Hebreus 6:7 e 8). A
palavra de Deus é água que gera vida eterna, pastores, pregadores e obreiros
que a ministram são os cultivadores da terra, o perverso é aquele que mesmo
ouvindo a palavra, gera tribulação para quem o cultiva, sendo assim, a maldição
se aproxima e o incêndio eterno é iminente. Devemos estar atentos ao fato de
que ao pregarmos a Palavra bíblica, a mesma gera vida para os que a recebem de
bom grado e coração aberto, ao mesmo tempo que gera morte para quem a
menospreza e rejeita. Que nossas bocas gerem o ruwah de Deus.
Justiça - Retidão - Dar a cada um o que lhe é de direito. Justiça leva o obreiro cristão a pensar no direito de cada ser humano e não apenas naquilo que é o seu direito. Aliás só o fato de nos colocarmos acima dos demais ou colocar nossas necessidades como mais urgentes e importantes que as dos demais com os quais nos relacionamos, já é uma forma agressiva de injustiça. Gosto sempre de lembrar que a bíblia diz por várias vezes que justiça e juízo são a base do trono de Deus. Sendo assim, cuidemos para que não estejamos nos reprovando naquilo que aprovamos, pois muita injustiça tem sido praticada em nome da fé.
Fidelidade – Estabilidade - Talvez essa seja a palavra que melhor defina o que significa para o cristão ser fiel e praticar fidelidade. Jesus sempre manifestou total estabilidade em seus valores e crenças, e principalmente em sua obediência ao Pai, a ponto de enfrentar angústias tão profundas até chegar a suar sangue, sentir as ânsias da morte de forma sobrehumana e mesmo assim não se afastar de seu compromisso com Deus e com os seus. Foi fiel até a morte e morte de cruz. Fidelidade tem sido o que falta"
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